A Caçada

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Historicidade de Daniel

Introdução
Daniel um dos vários profetas do Antigo Testamento. A sua vida e profecias estão incluídas no Livro de Daniel. Significado do nome é “Aquele que é julgado por Deus” ou “Deus assim julgou” ou “Deus é meu juiz”.
Vários Livros do Antigo Testamento recebem o nome de seu principal herói como título, como, por exemplo, os livros de Josué, Samuel, Ester, etc. Mas tal título não indica necessariamente que essa pessoa foi à autora do livro. No caso de Daniel além de protagonista ele é o provável autor do Livro.
1. Versículos-Chave
Sãos os versículos 4.34 e 35 “Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?”

2. Tema: A Soberania do Senhor Sobre Todas as Nações

Esboço de Daniel
I. As convicções religiosas de Deus 1.1-21
O exílio de Judá 1.1-2A decisão de Daniel de manter-se separado 1.3-21
II. O primeiro sonho de Nabucodonosor 2.1-49
O sonho esquecido 2.1-28A revelação e a interpretação de Daniel 2.29-45Daniel é honrado através de promoção 2.46-49
III. A libertação da fornalha de fogo 3.1-30
Convocação para adorar a estátua de ouro 3.1-7A recusa dos três hebreus de se prostrarem perante a estátua 3.8-18Os três hebreus são miraculosamente protegidos 3.19-25O rei confessa o Deus verdadeiro 3.26-30
IV. O segundo sonho de Nabucodonosor 4.1-37
O sonho de Nabucodonosor 4.1-37A Interpretação da Daniel 4.19-27O cumprimento do sonho 4.28-33A oração e restauração de Nabucodonosor 4.34-37
V. A festa blasfema de Belsazar 5.1-31
A escrita manual na parede 5.1-9A interpretação de Daniel da escritura 5.10-31
VI. Daniel na cova dos leões 6.1-28
Complô contra Daniel 6.1-9Daniel é lançado na cova dos leões 6.10-17Daniel é liberado 6.18-28
VII. A primeira visão de Daniel 7.1-28
O sonho da Daniel sobre os quatro animais 7.1-14A Interpretação de Daniel 7.15-28
VIII. A segunda visão de Daniel 8.1-27
O sonho de Daniel sobre um carneiro, um bode e sobre os chifres 8.1-14A interpretação de Gabriel 8.15-27
IX. A profecia das setentas semana 9.1-17
A oração de Daniel 9.1-19A Visão da Daniel 9.20-27
X. A visão final de Daniel 10.1-12.13
A visão de Daniel de um ser glorioso 10.1-9A visita de um anjo 10.10-21Guerra entre reis do Norte e do Sul 11.2-45O tempo da tribulação 12.1-13
Contexto Histórico
No ano de 605 a.C o império babilônico dominava os povos pelas mãos do rei Nabucodonosor. Nebo era o Deus da ciência. Nesta época este rei invadiu Jerusalém e levou para o cativeiro o rei de Judá e utensílios da casa de Deus, outra ordem dada em meio a esse ocorrido foi ordenado que viessem filhos de Israel que fossem jovens e sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda sabedoria, doutos em ciência e versados no conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei.
Entre esses jovens de Judá se encontravam: Daniel, Hananias, Misael e Azarias na qual tiveram seus nomes substituídos pelos chefes dos eunucos e então ficou: Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abde-Nego – estes nomes fazem referência aos deuses dos caldeus. Bel – Bel proteja sua vida. Sadraque – ordem de Aku. Mesaque – Quem é o que Aku é? (deus da lua). Abede-Nego – servo de Nebo.
Estes jovens receberam nomes dos caldeus para que suas identidades se tornassem de identidade de hebreus para babilônicos a fim de servirem ao rei no palácio e terem parte de seu governo
3. Data
A data de Daniel tem sido defendida com muita veemência esta obra tradicionalmente tem sido atribuída ao século VI a.C, mesmo que as profecias relatadas no livro façam com o que alguns historiadores propõem datas mais recentes. Em torno de 535 a.C., após 70 anos na Babilônia, quando recebe e registra sua ultima visão.
Desde que o filósofo Porfírio realizou os primeiros grandes ataques contra a historicidade de Daniel (233-304 d.C.), este livro tem estado exposto aos embates dos críticos, ao princípio só de vez em quando, mas durante os dois últimos séculos o ataque foi constante, por isso muitíssimo eruditos cristãos de hoje consideram que o livro de Daniel é obra de um autor anônimo que viveu no século II a.C., mais ou menos no tempo da revolução macabéia. Estes eruditos dão duas razões principais para localizar o livro de Daniel nesse século:
Entendem que algumas profecias se referem à Antíoco IV Epífanes (175-163 a.C.), e que a maior parte das profecias - pelo menos daquelas cujo cumprimento foi demonstrado - teriam sido escrita depois de ocorridos os acontecimentos descritos, as profecias de Daniel devem localizar-se com posterioridade ao reinado de Antíoco IV.
Segundo seus argumentos, as seções históricas de Daniel contêm o registro de certos acontecimentos que não concordam com os fatos históricos conhecidos de acordo com os documentos disponíveis, estas diferenças podem ser explicadas se o autor não tivesse vivido os acontecimentos, e, portanto só possuísse um conhecimento limitado do que tinha ocorrido 400 anos antes, nos séculos VII e VI a.C.
O primeiro dos dois argumentos não tem validade para os cristãos porque estes creem que os inspirados profetas realmente faziam predições precisas quanto ao curso da história. O segundo argumento merece um maior atendimento e por isso apresentamos aqui um breve estudo a respeito da validez histórica do livro de Daniel.
4. Conteúdo
O livro se divide em duas metades: a primeira faz referência as histórias que são equivalentes aos capítulos 1-6 e as visões dos capítulos 7-12. Considerando a divisão lingüística do livro seria divido em 2.4b a 7.28, a Bíblia hebraica registra em aramaico a luta de Daniel e seus amigos nos dois impérios mundiais. De 8.1 até o fim, o livro retorna ao hebraico. Esse uso das línguas atravessa a divisão pronta do livro em histórias e visões. Essa ponte aramaica deve ser considerada em discussões de data, composição e unidade do livro.
Existe um paralelismo no livro de Daniel dos capítulos 2-7. O paralelismo no capítulo 2 e no 7 é no tocante ao esquema dos quatro reinos que faz disso uma estrutura em forma de quiasmo. Os capítulos 3 e 6 fazem referência a libertação e atas de martírio e o miolo nos capítulos 4 e 5 que são criticas aos reis.
José Severino Croatto faz uma bela relação entre esses capítulos em questão na qual se diferencia na questão que o capítulo dois é Daniel quem interpreta o sonho e no capítulo sete é um anjo. O capítulo 7 funciona como uma ponte entre as duas partes do livro: capítulos 1-6 ao 7-12 favorecem neste sentido, uma intercomunicação no nível de sua significação querigmática.
Daniel 2
Daniel 3
Daniel 4
Daniel 5
Daniel 6
Daniel 7
Sonho de Nabucodonosor
Instância Religiosa: Estátua
Sonho: árvore
Visão: Escritura na Parede
Instância Religiosa: oração
Sonho/Visão de Daniel
Estátua: quatro metais

Daniel interpreta
Daniel interpreta

Quatro animais

Denúncia/
Martírio/
Libertação


Denúncia/
Martírio/
Libertação

Sinal do céu

Sinal do céu
Sinal do céu

Figura humana


Fracasso dos magos
Fracasso dos magos


Daniel interpreta: Reino Futuro
Confissão
Em Daniel: Espírito de Deus
Em Daniel: Espírito de Deus
Confissão
Anjo interpreta: Reino Futuro


Cumpre-se a explicação
Cumpre-se a explicação


Confissão de fé
Prosperidade
Confissão
Morte
Prosperidade


Posição no Cânon
De acordo com a Bíblia hebraica este livro encontra-se na divisão chamada Hagiographa () que corresponde à terceira divisão e não na segunda divisão que é a dos livros proféticos, porém essa colocação nada tem haver com a data da confecção do livro acaso tenha sido escrito depois.
Para ser reconhecido livro profético o autor deveria possuir o título técnico de profeta, ou seja, eram homens levantados por Deus especificamente para servir de mediadores entre Deus e a nação, embora Deus tenha se revelado a Daniel ele não era profeta no sentido restrito e técnico aceito para tal. A função de Daniel era de estadista, ser estadista era um dom profético, mas não um ofício e por causa disso o livro de Daniel foi colocado na terceira divisão que diz respeito aos homens que foram inspirados, mas que não ocupavam o ofício profético.
5. Autor
O livro de Daniel sendo um produto do exílio e foi escrito pelo próprio Daniel. Nota-se que Daniel fala na primeira pessoa do singular e reivindica as revelações feitas a Ele como nas passagens: 7.2,4; 8.1; 8.15; 9.2.
O autor da primeira porção é o mesmo da segunda porção eis a unidade do livro. Estudiosos de diversas escolas de pensamento reconhecem essa unidade literária. Daniel também reflete ambientes babilônicos e persas e algumas objeções históricas que não de certa maneira não são tão válidas. Para a autenticidade do livro são encontradas como algumas passagens no Novo Testamento: Mateus 10.23; 16.27; 19.28; 24.30; 25.31; 26.64.
Na Igreja o livro tem sido tradicionalmente mantido que o Daniel histórico foi realmente seu autor, porém Porfírio de Tiro que era um oponente ao Cristianismo sustentava que a obra era feita no tempo dos macabeus e durante os séculos 18 e 19 teve ocupando uma posição muito importante entre o mundo erudito e que este livro tenha sido escrito por um judeu desconhecido, os motivos para tal opinião eram a notável exatidão pela qual aquele período é descrito em Daniel, as supostas inexatidões históricas no livro, e a alegada linguagem mais recente empregada na composição da profecia.
Daniel, o Tipo de Cristo. Daniel não é referido nas Escrituras como um tipo de Messias, mas não é eliminada a identificação, por outro lado ele se identifica como predecessor de Cristo. Daniel possuía características especiais como a de profeta, embora não tenha representado esse oficio. Daniel serviu como representando de Yahweh, num papel mediador, em posição singular, num mundo estranho em que tornou conhecido quem era, realmente, o soberano Senhor do mundo, das nações e dos palácios, e quais eram as metas desse um e único soberano Senhor. Daniel profetizou a respeito do Messias com a sua vida e em várias passagens, que registram profecias a respeito do Messias foram feitas de maneira única e estas também estão inclusas no livro de Daniel.
6. Linguagem
Acredita que o livro em sua forma vem desde o segundo século a.C, mas que muito do seu material particularmente na primeira porção é muito mais antigo. Alega-se que o termo “caldeu” foi colocado após o século VI a.C. em Daniel esse termo é empregado num sentido étnico para denotar uma raça e é igualmente usado de modo mais restrito para indicar essa classe particular. Estas referências bíblicas são tão poucas que não tem como assegurar que Daniel encontra-se em erro.
Objeções para ter sido Daniel o autor do livro é o uso da linguagem aramaica em uma porção do livro ser de um período posterior do livro o seu próprio aramaico não pode excluir sua própria autoria, portanto, a linguagem deve ser uma modernização do aramaico em que o livro foi composto originalmente, a questão de autoria deve ser considerava por outras bases não da linguagem em que ele foi escrito.
A evidência lingüística nem sempre tem recebido o valor devido à datação do livro. Alguns estudiosos datam a linguagem de Daniel anterior ao segundo século. O consenso era que o hebraico lembrava o do Cronista, sendo anterior ao Mishmá. O aramaico está mais próximo de Esdras e dos papiros do século V que do de Qumram, portanto, alguns estudiosos estão inclinados a datar os capítulos 1-6 com data diferente dos capítulos 7-12, mas a seção em aramaicos continua no capítulo 7, que é da mesma época que o aramaico dos capítulos 2-6 e o hebraico dos capítulos 7-12 revelam-se idêntico ao dos capítulos 1-2.
7. Propósito
Quando Israel ainda estava no deserto Deus escolheu a estes para ser o Deus deles e assim realizando o inicio de um relacionamento para ser um reino de sacerdotes de Deus para que Deus fosse o seu governante, no entanto, Israel não cumpriu com o seu dever e foi infiel e por causa disso receberam um rei que foi mau, depois veio um homem segundo o coração de Deus e em Salomão o templo foi edificado e depois de sua morte houve a rebelião e grande iniqüidade tanto no reino do norte quanto do sul, então Deus anunciou a intenção de destruí-los. Deus usou de instrumento de exílio para preparar a vinda do Messias.
O próprio livro por ser produto do exílio serve para mostrar que o exílio não seria permanente, então o propósito de Daniel é de ensinar a verdade mesmo que o povo de Deus esteja escravizado em uma nação pagã.
O livro de Daniel é chamado uma obra apocalíptica e esta obra pode ser comparada com a obra de Apocalipse no Novo Testamento tendo em vista isso um propósito didático.
8. Cristo Revelado
A primeira vez que se vê Cristo é na figura do “quarto” (homem) ao lado de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na fornalha de fogo (3.25). Os três permaneceram fiéis ao seu Deus; agora, Deus permanece fiel a eles no fogo do julgamento e livra-os, inclusive do “cheiro de fogo” (3.27).Outra referência a Cristo se encontra na visão da noite de Daniel (7.13). Ele descreve “que vinha nas nuvens do céu um como o Filho do Homem”, referindo-se à segunda vinda de Cristo.Outra visão de Cristo, se acha em 10.5-6, onde a descrição de Jesus é bastante idêntica à de João em Apocalipse 1.13-16.
9. Daniel como Profecia Apocalíptica
Apocalipse é definido como “um gênero de literatura reveladora com uma estrutura narrativa em que uma revelação é mediada por um ser de outro mundo para um recipiente humano, expondo uma realidade transcendente e também temporal, ao conceber uma salvação escatológica, como também espacial, ao implicar um mundo diferente, sobrenatural” (Semeia 14, p.9 citado em J.J. Collins, Daniel FOTL 20 (Grand Rapids, 1984; reimp. 1989), p.4.
Daniel cabe dentro dessa definição ainda que existam muitos estudiosos que insistam que o tratemos da maneira que se pretendia que o lêssemos: como história. Outros não datam o livro como do século VI a.C., mas se tratando de um pseudônimo argumentando a autoria na Palestina no século II.
O propósito principal de Daniel não é registrar uma história detalhada, mas demonstrar o controle divino sobre a história. Quando Daniel dá os relatos de “Nabucodonosor”, “Belsazar” e “Dario, o medo”, sua intenção era de revelar o significado destino deles com Deus e a superioridade da soberania de Deus à deles.

10. Interpretação da Profecia
A interpretação de sonhos e visões em Daniel é dificílima. Talvez porque muitos comentaristas tentam adequar a interpretação a eles mesmos, em outras escolas de interpretação, a maior parte dos problemas deriva da tentativa de converter os tempos sem sistemas cronológicos que predigam com precisão as datas de eventos futuros.
Os Reinos e o Reino, Daniel interpreta no capitulo dois o que iria acontecer futuramente com o reinado de Nabucodonosor de acordo com o sonho dele e os quatro reinos sucessivos são os posteriores a partir de Nabucodonosor. O capitulo sete tem grande relação com o capítulo dois, por causa, que é realçado, portanto os dois devem ser considerados juntos. Os animais significam quatro reis que se levantarão da terra. Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre.
O Quarto Animal em respectiva ao quarto animal, Daniel recebeu outra visão para conhecer mais acerca do quarto animal por conta de ser curiosidade própria. Este animal representa um reino diferente dos outros que é extremamente cruel e destrutivo e um de seus reis perseguem os santos do Altíssimo e persegue por um tempo e outra parte de tempo então o governo do reinado é dado aos santos.
A visão do Carneiro do Bode e o Chifre se encontram no capítulo 8 de uma estrutura bem simples: introdução para a revelação (1-2); o conteúdo da revelação (3-14); a interpretação da revelação (15-26); e a conclusão do relato (27). Assim essa segunda revelação se mostra descrita dentro de uma progressão. Primeiro a imagem do cordeiro que crescia de maneira magnífica; depois o bode que também cresci. Na seqüência da visão do bode, aparecem os chifres e entre estes, o pequeno.
Embora não tenha como afirmar que a visão de Daniel 8 seja um sonho, porem pelos seus elementos simbólicos é preciso considerá-la assim. A presença de Daniel em Susã e o transporte do seu espírito para junto ao rio Ulai tem um paralelo com as narrativas do livro de Meditação profética de Ezequiel.
O chifre simboliza o poder, nos capítulos 7-8 e Apocalipse 13 e 17 representam governantes do império. O carneiro com dois hifres na margem do rio Ulai representa o império medo-persa. O bode que vem do oeste tem um chifre grande substituído por quatro chifres notáveis, o entendimento para essa passagem é que seja Alexandre Magno. O chifre pequeno é identificado como Antíoco Epifânio.
Oração de Daniel pelo Povo – Daniel entendia que a profecia de Jeremias que o período de sete anos fora decretado para a desolação de Jerusalém, então, consciente disso Daniel orou a Deus para confessar o seu pecado e do povo, pois o tempo estava para terminar.
Na realidade, Gabriel toma a profecia de setenta semanas de Jeremias, compreendida como se aplicasse ao período do exílio, e a transforma numa profecia de “setenta anos vezes sete” do final dos tempos. Essa complexa transformação do quadro inclui a restauração da cidade, um período conturbado, a morte de um príncipe ungido, a vinda de um príncipe e suas tropas, decidido a destruir a cidade e o santuário. Os que, em qualquer época, anseiam pela restauração de Jerusalém encontram aqui uma mensagem de esperança. Os que buscam o príncipe messiânico encontram a reafirmação de que ele virá. Os que vivem em épocas de conturbações, guerras e desolações sabem que isso só durará “uma semana” e que no final o “assolador” encontra o fim a ele prescrito.
A Abominação Desoladora – Daniel toma conhecimento do que ocorrerá a seu povo em dias futuros. Miguel e o orador desempenham os papéis principais. Isso deve indicar ao leitor que as circunstancias transcendem o que é em geral considerado histórico. A mensagem continua no capitulo 11 que fala que três reis se levantarão da Pérsia e o quarto irá contra a Grécia. Depois disso se levantará um rei poderoso que terá seu reino dividido para os quatro ventos do céu, mas não para sua posteridade, acredita-se que esse rei é Alexandre Magno.
Um como o Filho do Homem – na passagem do capítulo 7.13, quando os animais são mortos, “um como o filho do homem” – observe o contraste com os animais – vem “com as nuvens do céu”. Como o título dos discursos empregados por Ezequiel, a designação “filho do homem” simplesmente significa “ser humano”, “homem”. Jesus muitas vezes referia-se a si mesmo empregando esse titulo. Alguns estudiosos dizem que com isso ele alegava ser o Messias. Mas isso parece bem improvável. Jesus estava empregando um termo que passara a ter um significado mais profundo e, com o tempo, teria um significado expandido, incluindo o cumprimento da profecia de Daniel.
11. Proximidade de Daniel com outros livros judaicos
A primeira constatação da circulação e utilização do livro de Daniel está num contexto bem próximo, ou seja, o da escrita da obra dos Macabeus. De um lado está toda a leitura da guerra e do pós-guerra nestes livros que tem vários jeitos de contar a história. Do outro, um livro apocalíptico que anima a resistência do povo e projeta tempos de mudança. No entanto, no livro historiográfico iremos deparar com a citação de uma imagem própria do livro de Daniel. É a imagem da abominação da desolação (Dn 11.31; 12.11 e 9.27) que aparece em 1º Mc 1.54. Também o Segundo Livro dos Macabeus na sua contraposição a esta abominação, vai contar histórias de coragem a exemplo dos jovens que enfrentam a fornalha e Daniel na cova dos leões.
12. Daniel e a Construção da Imagem do Jesus Apocalíptico
Uma das imagens que aparece nos Evangelhos é a do Jesus apocalíptico, relacionada em grande parte com os discursos escatológicos, a pregação sobre o Reino de Deus e a figura de Jesus como o “Filho do Homem”. Para Charles H. Dodd a profecia do Filho do Homem de Daniel 7.13 não aparece explicitamente, porem está presente em Mc 13.26 e 14.62 e a vinda de Jesus “sobre as nuvens” aparece implicitamente em At 1.9-11.
Em Apocalipse 1.13 e 14.14 mostra-se o uso explicito de Daniel 7.13 com a referência a Jesus como “um como o Filho do Homem”.
Dentro da perspectiva a tradição cultural israelita a partir da Bíblia Hebraica a busca de libertação e restauração do povo acompanhada do julgamento por parte de Deus dos governantes estrangeiros ou domésticos, e, a conseqüente derrocada do poder hegemônico. Aí se insere em grande medida a literatura apocalíptica. O “Filho do Homem” em Daniel vai sentar no tribunal, julgar e instaurar o reino que não terá fim (Daniel 7). Textos paralelos circularam e foram utilizados pelas comunidades cristãs. O julgamento está presente no Apocalipse das Semanas e no Apocalipse dos Animais no livro de 1º Enoque. No Testamento de Moisés é tratada a vinda de Deus como sinal da vingança dos que foram martirizados e nos Salmos de Salomão o ungido filho de Davi reunirá o povo santo e o conduzirá com justiça.
Para Horsley o evangelho de Marcos deve ser considerado como apocalíptico, por causa, da concentração de motivos apocalípticos em Marcos 13, pois tem como pano de fundo o livro de Daniel.
13. As Visões
As quatro visões do livro de Daniel tratam da luta entre as forças do bem e do mal nesta terra, desde o tempo de Daniel até o estabelecimento do eterno reino de Cristo. Já que Satanás usa os poderes terrenos em seus esforços para frustrar o plano de Deus e destruir seu povo, estas visões apresentam aqueles poderes através dos quais o maligno atuou com muito empenho.
A primeira visão (cap. 2) trata principalmente de mudanças políticas. Seu propósito primordial era revelar a Nabucodonosor seu papel como rei de Babilônia e comunicar-lhe "o que tinha de ser no porvir" (v. 29).
A segunda visão (cap. 7) aparenta ser um suplemento da primeira visão. Destaca as vicissitudes do povo de Deus durante a hegemonia dos poderes mencionados na primeira visão, e prediz a vitória final dos santos e o juízo de Deus sobre seus inimigos (vv. 14, 18, 26-27).
A terceira visão (cap. 8-9) complementa a segunda e faz ressaltar os esforços de Satanás por destruir a religião e o povo de Cristo.
A quarta visão (cap. 10-12) resume as visões precedentes e trata o tema em forma mais detalhada do que qualquer das outras. Amplia o tema da segunda visão e o da terceira. Põe especial ênfase em "o que tem de vir a teu povo nos postreros dias; porque a visão é para esses dias" (cap. 10: 14), e o "tempo fixado era longo" (v. 1, RVA). A narração bosquejada da história que se encontra em 781 o cap. 11: 2-39 leva a "os postreros dias" (cap. 10: 14) e os acontecimentos "ao cabo do tempo" (cap. 11: 40).
14. Setenta semanas
As setenta semanas de Daniel, profetizada em Daniel 9.24-27, são referenciais cronológicos em que a Tribulação acontecerá. A profecia das setenta semanas foi dada por Deus a Daniel quando o profeta ainda estava vivendo no cativeiro babilônico. Daniel preocupava-se com o seu povo porque estava quase no fim dos setenta anos de cativeiro. Daniel estava seguro que Deus não havia esquecido Seu povo escolhido.
Há vários argumentos para se justificar que as semanas são anos reais:
Primeiro, um período de setenta semanas literais seria muito curto para realizar o cumprimento de tudo o que é esperado. Além disso, que conforto Daniel teria ao saber que a cidade seria reconstruída e destruída em tão breve período? Assim, devemos olhar além do literal para a medida adequada.
Segundo, no contexto precedente, os setenta anos originais da profecia de Jeremias estão na mente de Daniel (Dn. 9:2). Assim, anos, e não semanas literais são sugeridas pela referência anterior, que é crucial para o contexto histórico. Em adição, esses setenta anos sugerem a estrutura da sua profecia.
Terceiro, o ano sabático (o sétimo ano do período sabático) é freqüentemente mencionado como simplesmente “o sábado”. Assim, a idéia de um dia de “sábado” (Ex. 20:11) pode se referir a um ano sabático. Quarto existe garantia escriturística para medir os dias em termos
de anos. Em Gênesis 29:7-28 Jacó é dito trabalhar durante uma “semana” para Raquel, que eram sete anos (v. 20). Em Números 14:34 os quarenta anos errantes é causado pelos quarenta dias de espionagem da terra. Ezequiel 4:5 emprega o mesmo padrão de medida profética que Daniel: “Porque eu te dei os anos da sua iniqüidade, segundo o número dos dias”.
Quinto, no contexto imediato seguinte, e separado da nossa passagem por apenas um versículo, descobrimos Daniel referindo-se ao seu uso de “semanas”. Em Daniel 10:2 lemos: “Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três dias” (hebraico: yom). Ele faz isso, parece, para distinguir as semenas-de-anos precedentes da semanas-de-dias seguintes que são literais.
Sexto, até mesmo sobre o extremo terminus ad quo sugerido pelos eruditos evangélicos (o decreto de Ciro em 538 a.C.), os 490 anos chegam relativamente perto da medida do tempo da morte de Cristo: existiria uma diferença de apenas setenta e cinco anos. Isso deveria sugerir que estamos corretos ao escolher uma medida dia/ano. Uma análise cuidadosa da passagem leva à conclusão que a “ordem” do versículo 24 se encaixa perfeitamente na estrutura cronológica, quando propriamente entendido.
15. O Tema do Livro Segundo a Perspectiva Cristã
Com justiça poderíamos chamar ao livro de Daniel um manual de história e de profecia. A profecia é uma visão antecipada da história; a história é um repasso retrospectivo da profecia. Segundo a crença cristã o elemento previsivo permite que o povo de Deus veja as coisas transitórias à luz da eternidade, põe-no alerta para atuar com eficácia em determinados momentos, facilita a preparação pessoal para a crise final e, ao cumprir-se a predição, proporciona uma base firme para a fé.
Para os cristãos as quatro principais profecias do livro de Daniel fazem ressaltar num breve esboço, e tendo como marco de fundo a história universal, o futuro do povo de Deus desde os dias de Daniel até o fim do tempo. Cada uma das quatro grandes profecias atinge um pináculo quando "o Deus do céu" levanta "um reino que não será destruído" (Dn 2:44), quando o "filho do homem" recebe "domínio eterno" (Daniel 7:13-14), quando a oposição ao "Príncipe dos Príncipes" será quebrantada "não por mão humana" (Dn 8:25) e quando o povo de Deus será livrado para sempre de seus opressores (Dn 12:1). Portanto para os cristãos, as profecias constituem uma ponte divinamente construída desde o abismo do tempo até as ribeiras sem limites da eternidade, uma ponte sobre o qual aqueles que, como Daniel propõe em seu coração amar e servir a Deus, pela fé poderão passar desde a incerteza e a aflição da vida presente à paz e a segurança da vida eterna.
A seção histórica do livro de Daniel revela, em forma surpreendente, a verdadeira filosofia da história. Esta seção serve de prefácio para a seção profética. Ao dar-nos um relato detalhado do trato de Deus com Babilônia, o livro nos capacita para compreender o significado do surgimento e da queda de outras nações cujas histórias estão embaralhadas na porção profético do livro.
Conclusão Pessoal
Pelo estudo realizado sobre o Livro de Daniel e sua historicidade posso compreender que embora a posição que defenda com veemência a autoria próxima ao século II a.C. que se encontra perto da revolta dos macabeus seja bem argumentada e muito bem defendida, compreendo que a posição que entende que o livro foi escrito na era do exílio da Babilônia.
A posição que defende a autoria próxima ao século II nega toda sobrenaturalidade do livro e a revelação que veio a Daniel, contudo crendo na inspiração divina do livro e crendo que Daniel foi um homem usado no período do exílio babilônico.
Entendo que Daniel é um livro apocalíptico situado no Antigo Testamento que possuí diversas passagens usadas no Novo Testamento como nos relatos dos evangelhos quando os autores relatam as próprias palavras de Jesus, e também é possível encontrar passagens de Daniel em Apocalipse.





BIBLIOGRAFIA
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DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova.
DA SILVA, Rafael Rodrigues. Edição e Heresia: O Livro de Daniel. São Paulo: PUC. 2005
Bíblia de Estudo Plenitude
JUNIOR, Angelo Gagliardi. Panorama do Velho Testamento. São Paulo. Sepal, 2000.
DEMY, Thimothy; ICE, Thomas. Profecias de A a Z. Porto Alegre. Actual, 2003
GRONINGEN, Gerar van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. São Paulo. Cultura Cristã, 2003

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