A Caçada

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Aliança no Antigo Testamento

A aliança
Conceito
295 referências da palavra aliança na Bíblia. 20 referências no Novo Testamento.
Com exceção de Rute, Ester, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Lamentações, Joel, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Ageu todos os outros livros do Antigo Testamento falam sobre aliança que no hebraico é ‘berit’ e suas referencias são de 275 vezes sendo que 80 delas no Pentateuco, 70 nos profetas anteriores, 75 nos profetas posteriores e 60 vezes nos escritos.
Há um debate acerca do significado de ‘berit’ e para a etimologia da palavra se entende a tradução: palavra acadiana biritu – apertar, atar ou aguilhoar; palavra acadiana birit – entre; de uma raiz hebraica brh; outra raiz hebraica brh – ver, esquadrinhar, selecionar.
Sobre a natureza das alianças deve-se notar que elas são literais, por isso a sua interpretação deve ser literal, em segundo lugar elas são eternas, em terceiro lugar devem ser consideradas como incondicionais e em ultimo lugar são estabelecidas com um povo pactual.
1.1.Sentidos usados para Aliança
Para começar o estudo é necessário que haja uma analise sobre os sentidos empregados de aliança nas Escrituras e de maneira mais especifica no Antigo Testamento.
Aliança é empregada no sentido de uma ordenança natural como em Jeremias 33.20 “Eis o que disse o Senhor: se puderdes romper o meu pacto com o dia e a noite, de sorte que dia e noite não surjam no devido tempo”.
No sentido de uma promessa incondicional em Gênesis 9.11,12, esta está relacionada com o dilúvio quando Deus diz que não haver mais dilúvio sobre a terra e o texto deixa bem enfático que essa aliança não será destruída.
Aliança também é emprega para um acordo condicional como em Isaias 1.19,20, nesta passagem Deus está dizendo que se o povo obedecer eles iria conseguir as bênçãos, mas caso haja desobediência o povo irá sofrer as conseqüências.
Nas frases teológicas alianças das obras e aliança da graça são baseadas no sentido de ser uma promessa dependente de condições.
As alianças contidas nas Escrituras são de grande importância para o interprete da Palavra. O plano escatológico de Deus é determinado e prescrito por essas alianças, e o sistema escatológico do intérprete é determinado e limitado pela sua correta interpretação. Ele vê as épocas da história como o desenvolvimento de uma aliança entre Deus e os pecadores.
1.2.Nomes dados para a aliança
Há vários nomes para aliança. Existe aliança da natureza que foi a feita com Adão, pois o homem estava em seu estado natural de criação, mas depois da queda a aliança teve ser adaptada e se tornar a aliança da graça.
Aliança legal ou judicial exige que a condição esteja de acordo com a perfeita lei da absoluta perfeição moral.
Aliança das obras tem suas exigências em torno do que o próprio homem fosse e fizesse e por ultimo aliança da vida, por causa, que sua obediência faz referencia a vida.
1.3.Elementos de uma aliança
São necessárias as partes contratantes e as condições. As alianças são feitas por pessoas e entidades que se obrigam mutuamente em uma constituição que é soberana do Criador para com sua criatura, devido a isso o Criador promete cumprir com as promessas feitas desde que a criatura cumpra com as condições e caso isso não aconteça às penas serão devidamente colocadas sobre os envolventes que não cumpriram com o acordo.
1.4.Tipos de alianças
Aliança da redenção – nessa aliança o Pai entrega o Filho, o Filho se oferece sem macula como sacrifício eficaz e o Espírito administram e capacita a execução dessa aliança em todas as suas partes.
Aliança das obras – oferecida ao homem e condicionada ao mérito humano, isso se deu quando Adão se relacionava com Deus antes da queda.
Aliança da graça – indica todos os aspectos da graça divina para com o homem em todas as épocas. O exercício da graça divina torna-se possível e justificado pela satisfação de julgamentos divinos obtidos na morte de Cristo.
Aliança com Adão
Esta aliança foi à primeira aliança feita e esta fora feita no jardim do Éden que já era necessário que houvesse uma obediência e mesmo embora que se pense que não havia elementos necessários para ser uma aliança, é necessário que haja uma analise apurada para entender que todos os princípios para uma aliança estavam naquela situação.
Analisando é possível compreender o elemento Criador exigindo uma conformidade por causa de sua da natureza a pessoa da criatura (Adão). A criatura por sua vez que é um ser livre agente moral e por causa de sua natureza tem a obrigação de obedecer à lei moral.
O Criador promete vida e favor (Mateus 19.16,17; Gálatas 3.12) e as condições para isso era que Adão não viesse a desobedecer, ou seja, vir a comer do fruto da arvore da ciência, caso ocorresse o fato de comer seria certo que a morte chegaria a Adão (Gênesis 2.16,17).
Adão nessa aliança estava representando toda a sua descendência, pois a própria Bíblia traça um paralelo entre Adão com seus descendentes e Cristo com seus escolhidos. A pena que seria colocada sobre Adão caso houvesse desobediência também seria efetiva sobre seus descendentes como é possível analisar em (Gênesis 2.17; 3.17,18).
Em Romanos 5.12 e em 1ª Coríntios é claro Paulo explanando que em Adão todos os seres humanos pecaram juntamente e o pecado de acordo com a própria Bíblia é a morte e esse mal penal está sobre todos.
A promessa envolvida na aliança era de vida, pois em um raciocínio lógico a desobediência é para a morte, logo a obediência seria para a vida. Isso fica claro em outros textos do Antigo Testamento como em Levítico 18.5; Neemias 9.29.
A obediência das condições levaria a compreender algo o mais do que já havia sido dado. A recompensa termina quando acaba o prazo da provação e também acabam as condições foi exatamente o que aconteceu com os anjos que foram premiados com a vida dessa natureza. A obediência exigida pela lei como regra do dever é naturalmente perpetua, mas a obediência da condição da aliança das obras fora limitada pelo período de provação, o mandamento de abster-se de comer o fruto do conhecimento do bem e do mal era para entrar em conformidade com a Vontade Deus que era uma total obediência.
Aliança com Noé
A primeira ocorrência de aliança no Antigo Testamento é em Gênesis 6.18, quando Deus fala para Noé que estava prestes a provocar um dilúvio sobre a terra na qual seria destruída toda a carne, por causa disso Deus estabelece uma aliança com Noé.
Esta aliança incluía aos descendentes de Noé e as criaturas que vivas com ele (9,10), está é uma aliança incondicional e eterna, pois Deus promete jamais eliminar toda a carne pelas águas do dilúvio e o sinal para isso é o arco que se eleva acima de todos os homens como garantia da verdadeira graça. Esta aliança de Deus com Noé na verdade foi uma a humanidade de que jamais voltaria a destruir a terra e que os homens poderiam comer os animais, mas não seu sangue.
Aliança com Abraão
A chamada a Abraão surge após o avanço do texto que se passou pelas três tragédias do homem que era a queda, o dilúvio e a fundação de Babel. A benção primeiramente era tratada como ordem criada, em Noé era a benção para família e a nação e em Abraão a benção era material.
Segundo Ralph Smith está é a segunda aliança do Antigo Testamento e esta compreende três diferentes relatos que são em Gênesis 12; 15 e 17.
Em Gênesis 12 não mostra o termo ‘aliança’, mas mostra o chamado de Abraão para sair da terra de Ur e acontece a promessa também de que o nome de Abraão será grande e que dele sairá uma grande nação, aqueles que abençoarem a Abraão serão abençoados, mas os que amaldiçoarem também será amaldiçoado. A única exigência que Abraão tem que cumprir é o de sair da terra de Ur e ir para onde Deus irá enviá-lo.
No segundo relato de Gênesis 15 a palavra aliança aparece no versículo 18 e o relato da promessa é reafirmado e também não há nenhum exemplo especifico de condição especifica, mas o que acontece é a separação dos animais para o sacrifício (15.9-10).
Agora no terceiro relato da aliança entre Deus e Abrão o texto de Gênesis 17 se mostra totalmente diferente dos outros dois relatos sobre esta aliança. A promessa é de grande posteridade e de terra (v. 2,5,8) as obrigações encontradas nas passagens é que Abraão terá que andar na presença de Deus (El Shaddai) e ser perfeito (v.1) e que deve circuncidar a todos os machos entre eles.
Muitos estudiosos debatem que os relatos da aliança abraamica são uma retroprojeção de conceitos posteriores dos períodos de Davi, Salomão ou até do pós-exílio e os que vêem indícios de uma tradição dessa aliança que pode ser remontada as suas raízes numa repetição “cultural” do relato da promessa em Gênesis 15.7-21.
Esta aliança é importante, por causa, que suas implicações para doutrina estão ligadas à soteriologia, Paulo mostra ao escrever aos gálatas que os crentes tomam posse das bênçãos prometidas para Abraão. Logo após a queda do homem, Deus providenciou a salvação para o homem e a aliança com Abraão é um exemplo do seu propósito para salvação dos pecadores.
Aliança com Israel no Sinai
Esta aliança que é entendida como a aliança do Sinai para muitos é entendida com a extensão da aliança que Deus fez com Abraão e o principal relato para essa aliança esta em Êxodo 19-24, esta é considerada uma das passagens mais impressionantes do Antigo Testamento, pois é a descrição do encontro entre Deus e os homens. Elementos importantes dessa passagem são teofania, narrativa, leis e elementos naturais.
A aliança que Deus fez com Israel foi feita no monte na qual Deus ofereceu uma oportunidade para realizar uma aliança e o povo aceitou e então devido a isso e Moisés ficou como mediador e assim o povo se preparou e quando Deus proclamou os dez mandamentos da aliança, então o povo recuou de medo e pediu para que Moisés fosse o mediador entre Deus e eles. A aliança foi selada com sacrifício e uma refeição comunitária, mas Israel logo em seguida quebrou a aliança fazendo culto ao bezerro de ouro, então veio o julgamento divino e por intercessão de Moisés a aliança foi renovada.
Deuteronômio é o tratamento da renovação da aliança com a segunda geração de israelitas, que nada mais são os sobreviventes das peregrinações do deserto que são os que entraram na terra prometida.
Aliança Davídica
A partir do momento em que surgiu o sistema de monarquia em Israel se fez a necessidade de uma mudança na idéia de aliança, agora, o rei necessitara da aprovação e da sustentação divina, então Deus faz uma aliança com Davi que a promessa envolvida era de que os descendentes de Davi ocupariam o trono de acordo com 2º Samuel 7.12-16, embora a palavra aliança não esteja neste teto ela aparece nas ultimas palavras de Davi.
Esta aliança era de composição dupla porquanto ela envolvia o fato do reino de Davi ser estabelecido para sempre de acordo com os textos de Salmos 18.50; 89.3-4,35-37; Isaías 55.3 e a segunda composição que Jerusalém seria a casa de Deus para sempre de acordo com os textos de 1º Reis 8.12-13; Salmos 78.68-69; 132. 13-14.
Com a morte de Salomão a monarquia se dividiu em reinos do Norte do Sul com dez tribos e duas tribos respectivamente. O Reino nortista manteve firme a aliança do Sinai com suas características de feições humanas, enquanto que o Reino sulista permaneceu com o descendente de Davi no trono e mantiveram Jerusalém como sua capital e por causa disso apegaram-se à aliança promissiva davídica.
Nesta aliança realizada com Davi, Deus amplia e confirma as promessas referentes à descendência abraâmica. A promessa da descendência presente na aliança abraâmica é agora posta no centro da aliança davídica. As promessas da descendência geral e da linhagem de descendência de Davi, com seu reino, sua casa e seu trono, são ampliadas.
Pontos de vista são vários sobre a temporalidade ou condicionalidade da aliança, pois os amilenistas crêem que esta aliança é condicional com um cumprimento espiritualizado, para que o trono em que Cristo agora está assentado à destra do Pai se torne o “trono” da aliança, para que a família da fé se torne a “casa” da aliança e para que a igreja se torne o “reino” da aliança.
A aliança davídica era incondicional em seu caráter, mas para os descendentes de Davi era condicional, pois a desobediência poderia trazer castigo.
Os profetas e as Alianças
Os profetas não fizeram grande uso do termo ‘aliança’, Amós, por exemplo, não usou o termo em nenhum lugar para referir-se ao relacionamento de Deus com Israel, no entanto, as acusações que ele fez foi diretamente eram de infrações da lei da aliança.
Oséias usou poucas vezes usou o termo aliança, este profeta esta firmado nas tradições do êxodo, nas peregrinações do deserto e na conquista como nas estipulações da aliança de Javé, no entanto, a aliança davidica nada significava para ele. Oséias foi o primeiro profeta a descrever a relação de casamento de Israel e Jeová.
Isaías que era profeta do Reino do Sul estava firmado nas tradições de Davi e na promessa segura que Deus lhe havia feito, por causa dessa base teológica era a critica de Isaías contra a política nacional. Jeremias permaneceu firme nas tradições do Reino no Norte e devido a isso Jeremias sofreu oposição das pessoas que alegavam a aliança de Deus com Jerusalém era eterna e que o templo era inviolável, porém Jeremias estava correto. (teologia do Antigo Testamento – Ralph L. Smith)
Uma Nova Aliança
Essa nova aliança garante a Israel um coração convertido como fundamento de todas as suas bênçãos. De acordo com o principio do Antigo Testamento de que tal conversão não pode ser efetivada permanentemente sem derramamento de sangue, essa aliança requer um sacrifício agradável a Deus, como fundamento no qual ela é instituída. Visto que o sacrifício do Filho de Deus é o centro do antigo plano de redenção e já que essa aliança inclui tal sacrifício, grande importância deve ser atribuída a ela. Pelo ponto de vista escatológico os amilenistas tentam mostrar que a igreja de hoje esta cumprindo as alianças de Israel por ter sido redimida pelo sangue.
Esta é uma aliança literal e incondicional. Primeiro ponto: É chamada de eterna em Isaías 24.5; 61.8; Jeremias 31.36,40; 32.40; 50.5.
Segundo ponto: essa aliança é uma aliança misericordiosa que depende totalmente do juramento de Deus para seu cumprimento como em Jeremias 31.33.
Terceiro ponto: amplia a área da aliança original de Abraão e como a aliança de Abraão se mostrou incondicional e literal esta também deveria ser.
Quarto ponto: essa aliança ocupa-se em grande parte com a questão da salvação do pecado e da concessão de um novo coração. A salvação é obra exclusiva de Deus. Logo, a aliança que garante a salvação da nação de Israel deve ser separada de toda ação humana, sendo assim incondicional.

















Bibliografia
(2001). Esboços de Teologia. In: D. Archibald Alexander Hodge, Esboços de Teologia (pp. 421-429). São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas.
Pentecost, J. D. Manual de Escatologia. In: J. D. Pentecost, Manual de Escatologia (pp. 93-141). São Paulo: Vida.
(2002). Teologia do Antigo Testamento. In: R. L. Smith, Teologia do Antigo Testamento (pp. 132-154). São Paulo: Vida Nova.

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